“Se as portas da percepção se purificassem, cada coisa apareceria ao homem tal como é, infinita”. William Blake
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A IMAGINAÇÃO DE WILLIAM BLAKE.
Gravura de BLAKE, William.
Ver um mundo num grão de areia
E um paraíso na flor silvestre
Segura o infinito em sua mão
E a eternidade num segundo
To see a world in a grain of sand
And a heaven in a wild flower
Hold infinity in the palm of your hand
And eternity in an hour
William Blake (1757-1827).
Contam os biógrafos, que aos quatro anos, olhando pela janela de seu quarto, num bairro despretensioso de Londres, o menino William Blake gritou. A família, assustada, correu até o garoto e, quando lhe perguntaram o porquê do grito, ele respondeu: “Vi a cara de Deus”. Seguiu-se uma vida extremante criativa, marcada por inspirações e visões.
“Houve homens que amaram o futuro como a uma mulher. O futuro misturou sua respiração à deles, envolveu-os com seu cabelo e escondeu-os da compreensão de suas épocas. William Blake foi um desses homens. Se falou confusa e obscuramente, foi porque falou coisas para as quais não podia achar modelos de expressão no mundo que conhecia. Anunciou a religião da arte, com a qual nenhum homem de então sonhara.” Assim W.B Yeats se referiu à importancia de Blake.
Foi grande artista, poeta, gravurista. Um lado seu era místico, visionário: escreveu livros proféticos, conversou com figuras bíblicas, e viu anjos nos campos de Londres. Outro, era artesão duro, inteligente e opinativo que, com a constante ajuda e apoio de sua esposa, Catherine, ainda encontrou tempo para desenvolver suas próprias ideias filosóficas e escrever, cantar e ilustrar sua poesia.
Chama a atenção a popularidade de Blake hoje, dois séculos depois de sua morte (que, por sinal, se deu na pobreza e obscuridade). Em parte, a fama se deve ao “fator multimídia” de sua obra: em seu trabalho estão unidas sua arte, sua filosofia e sua poesia. A força do texto inseparável do impacto da imagem. Corpo e alma conectados pela disciplina e versatilidade da técnica.
No entanto, é ante ao potente fluxo imaginativo que nos maravilhamos. Toda técnica é transformada em veículo para a expressão da mais extremas experiências da imaginação visionária: as artes como emanação primeira da divindade; a compaixão por todas as coisas, boas ou más, como o verdadeiro perdão dos pecados; a absoluta sacralidade de tudo o que vive. A qualidade dessa imaginação ecoa através da obra e toca o leitor.
As imagens que ilustram este texto foram retiradas do Livro ilustrado “Para Crianças”, intitulado Portões do Paraíso. Em sua forma original (publicada em 1793), o trabalho era composto por uma capa, uma folha de rosto ilustrada, e dezesseis placas gravadas de desenhos emblemáticos. Anos mais tarde, Blake converteu este pequeno livro em um de seus Escritos Proféticos, mudando as palavras “Para Crianças” do título para “Para os Sexos”, retocando as placas e as lendas e acrescentando um Prólogo, um Epílogo e descrições adicionais para o simbolismo das gravuras. O texto inicia com os versos:
O perdão de cada vício,
Tais são os portões do paraíso.
Forgiveness of each vice,
Such are the gates of paradise.
Gravuras de William BLAKE para seu livro infantil.
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LIMA, A. A. A imaginação de William Blake, 2017. Disponível em; <http://www.ressonancias.com/a-imaginacao-de-wiliam-blake>. Acesso em: dia/mês/ano.