inverno / é tudo que sinto/ viver / é sucinto leminski
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LEMINSKI: 4 POEMAS DE INVERNO
American Gothic Parody – Winter.
O inverno, no Brasil, não inspira muitos poemas. Inspira renite, sinusite, bronquite e outras –ites; mas poemas, poucos. Leminski é uma exceção. Poeta que, como todos curitibanos, passou frio, pegou garoa, vento encanado e resfriado. São seus os quatro poemas transcritos abaixo, em homenagem à entrada do inverno e à noite mais longa do ano.
Iceberg
Uma poesia ártica,
Claro, é isso que desejo.
Uma prática pálida,
Três versos de gelo.
Uma frase superfície
Onde vida-frase alguma
Não seja mais possível.
Frase, não. Nenhuma.
Uma lira nula,
Reduzida ao puro mínimo, um piscar do espírito,
A única coisa única.
Mas falo. E, ao falar, provoco
Nuvens de equívocos
(ou enxame de monólogos)
Sim, inverno, estamos vivos.
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Profissão de Febre
quando chove,
eu chovo,
faz sol,
eu faço,
de noite,
anoiteço,
tem deus,
eu rezo,
não tem,
esqueço,
chove de novo,
de novo, chovo.
assobio no vento,
daqui me vejo,
lá vou eu,
gesto no movimento.
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Winterverno
inverno
é tudo o que sinto
viver
é sucinto
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LIMA, A. A. Leminski: 4 poemas de inverno. 2017. Disponível em; <http://www.ressonancias.com/leminski-4-poemas-de-inverno>. Acesso em: dia/mês/ano.